domingo, 17 de junho de 2012

Making of | Alex Lake | Fotos do álbum Strangeland

O Alex Lake têm vindo a colaborar com a banda, ao longo dos anos, de forma muito presente e acompanhando toda a sua evolução, desde a pequena banda de East Sussex até à banda de um grande reconhecimento internacional.

O fotógrafo é o responsável da tão aclamada capa do último álbum Strangeland e descreve no seu blog toda a experiência para chegar ao resultado final, que segundo ele, foi algo inesperado.

Fotografia por Alex Lake

A minha mais recente missão foi fotografar a capa e as imagens promocionais do recente álbum número 1 dos Keane, Strangeland. Eu sabia de onde vinha a banda, sonoramente, neste álbum, pois fui ao estúdio algumas vezes durante um ano para documentar o processo de gravação. Tivemos algumas falsas partidas relativamente a ter a narrativa correta para o visual e eventualmente estabelecemos o percurso fotográfico a que estão familiarizados.

As fotos foram tiradas em Bexhill-On-Sea em Fevereiro passado, em alguns dos dias mais implacavelmente frios do ano – o meu carro ficou parado na neve, na periferia da cidade e eu fotografei alguns frames onde não era visível esse acumular de neve no chão. Eu estava na praia desde as quatro da manhã a tirar fotografias de longa exposição da mudança da maré. As minhas mãos estavam tão dormentes, mesmo com luvas, que já não sentia a minha câmera. Penso que estavam cerca de -8 graus e parecia mais frio devido ao intenso vento. Estava brutal. Eu sabia que estava a tirar fotografias interessantes mas o tempo estava a ser uma grande distração e eu não tinha a certeza se estava a conseguir tirar alguma coisa que valesse para capa. Eu queria contar uma história humana sem ter alguém na imagem. E também queria estar num espaço fechado e fora deste espírito gelado. Eu não conseguia pensar, mas só tinha alguns dias para chegar à capa que todos gostassem. A pressão estava a tornar-se um peso nesta altura.

Por volta das 5h30 da manhã eu vi as luzes aparecerem lentamente nos edifícios e eu soube pelo sítio onde estava na praia que no horizonte estava a minha fotografia. Eu soube instantaneamente. E foi isso. Eu estava em frente da próxima capa do álbum. Penso que não conseguiria outra fotografia de Bexhill que representasse melhor o álbum. Eu fotografei o mais rápido que pude porque sabia que o momento – e a luz – estavam a passar rapidamente. Espero ter capturado alguma coisa da isolação, intimidade e sobrenaturalidade que senti nessa manhã. Espero que passe a ideia de uma jornada. De uma subida íngreme. De sair e de regressar. De destino. A fotografia original é menos colorida, um conjunto de azuis pálidos e um amarelo acentuado como podem imaginar àquela hora do dia. A gradação adicional da imagem foi feita pelo esplendido designer Rob Cherny (Tourist) que enquadrou e encaminhou para a campanha que ele tinha criado com a banda. Podem ver fotos adicionais da edição limitada do livro em A4, que inclui fotografias minhas, que ele desenhou para o álbum aqui no meu site: http://bit.ly/KGN5tU

O que gosto da imagem é que é uma história genuína. Não inventamos as luzes que vinham ou aquela fotografia. Era a primeira vez que ia para aquela parte à beira-mar por isso há uma verdade com a fotografia original que eu adoro. É apenas um retrato da vida naquela cidade. Voltei nas manhãs consecutivas à espera de conseguir tirar mais fotografias do mesmo género, para dar à banda mais opções daqueles e de outros edifícios, mas claro, as luzes nunca mais voltaram tão cedo, sempre que o sol nasce e nesse impasse entre a noite e o dia onde tirei a fotografia da capa e a vida parece que para momentaneamente, permanecendo escuro.

- Lê o texto original, escrito pelo Alex Lake aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário